terça-feira, 21 de setembro de 2010

O saber médico a serviço do poder



 este texto descreve qual era a  relação entre medicina e política e quais seus objetivos em Goiás na gestão de Pedro Ludovico .

            Segundo  CHAUL em Goiás o exercício da medicina era visto como um sacerdócio divino, onde os médicos eram semideuses que possuíam poderes capazes de proporcionar a disseminação de doenças que assolavam o viver humano.
            A medicina em Goiás no séc. XX ficou intimamente interligada a questões socioeconômicas e sóciopolíticos.
            Em meados da década 20 a saúde publica já era vista como primordial nas políticas nacionais, onde se achavam extremamente necessário a criação de um ministério voltado exclusivamente para a saúde, após a Revolução de 30 esse ministério foi criado. Nele era regulamentado vários projetos e ações voltada ao saneamento básico das cidades.
            A saúde publica se tornou um item tão elevadamente primordial que foram se destacando os políticos ligados ao exercício da medicina (médicos). Em Goiás não era diferente. Pedro Ludovico interventor goiano era medico, e implantou em no estado uma política baseada na saúde publica, pautado no saneamento básico.
            Analisando a política de Pedro Ludovico por esse viés sanitarista, é percebível que o político utilizou os seus saberes médicos a serviço da manutenção do seu poder. A saúde publica era utilizada como manobra política de dominação social.
            Em seu governo Pedro Ludovico Teixeira retomou a idéia de Brasil Caiado de implantar o serviço sanitário do estado, onde os princípios básicos dessa implantação era priorizar a instalação de água tratada e esgoto nas cidades. O serviço sanitário intervia em todos os ambientes (rural e urbano) em prol da regularização da saúde publica. Atuavam, entretanto “(...) combate as moléstias que afligiam o Estado, (...)buscando vacinações e cuidados especiais para as 24 doenças que mais atingiam as populações urbana e rural de Goiás. Cobria ainda de atenção a higiene escolar, o estado de limpeza dos estabelecimentos de serviços urbanos e a produção de gêneros alimentícios.” Pág.188.
            O serviço sanitário atribuía ao medico o saber sobre o cotidiano da população, o mesmo adquiria informações sobre as condições de vida e de saúde da massa em geral, esse saber permitia aos médicos do serviço e aos políticos regionais um poder maior de dominação sobre a população.
            Varias atitudes e atos do governo eram justificados como sendo em prol da saúde publica, inclusive o anseio por parte do governante em mudar a capital de Goiás – que era na ocasião a Cidade de Goiás – para Goiânia. A justificativa para essa mudança, segundo o texto, era a precariedade do saneamento da Cidade de Goiás, e Goiânia na visão de Pedro Ludovico também daria a população um melhor suporte para o desenvolvimento econômico e social.
             Todos os projetos sanitaristas de Pedro Ludovico iam alem das condições financeiras do Estado, entretanto boa parte de suas ações dependia financeiramente do governo federal, onde o mesmo (governo federal) não possuindo tais condições favoráveis, fez com que alguns dos projetos de Pedro Ludovico fracassassem. “(...) infelizmente, porem, as condições financeiras em que se debate o nosso estado não permite a execução integral dos pontos básicos do programa traçado, cuja eficiência repousa, antes de tudo, no factor monetário”.pag 190.
            Goiânia foi um projeto de Pedro Ludovico que se sobressaiu a crise financeira, esse projeto era dito primordial por questões sanitárias, mas, atribuía ao governador Pedro Ludovico um governo progressista e moderno, Goiânia então representava uma vitória do governo ludoviquista.
            A saúde ou a medicina, fator de primeira necessidade da população, foi sendo utilizada como manobra de elevação ou sustentação do poder político ao longo dos anos no Brasil, em Goiás não poderia ser diferente, o poder medico foi utilizado como dominação de massas, pois a mesmas viam na figura do medico o alivio para todos os seus males, como se o medico fosse a diferença entre a vida e a morte. Essa credibilidade da população repousada na figura do medico facilitou com que muitos políticos que também eram médicos se sobressaíssem sobre os demais não médicos. Então a décadas que os políticos se aproveitam das maiores necessidade humanas, para se promoverem politicamente, e reafirmarem o seu poder.
           

Referência:
CHAUL, Nasrr Nagib Fayad. Caminhos de Goiás: da construção da decadência aos limites da modernidade. O saber médico a serviço do poder.Goiânia: Ed.da UFG, 1997.



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